Representação de arquitetura zero trust com elementos digitais como cadeados, conexões de rede e servidores em ambiente tecnológico moderno

Quando comecei a analisar modelos de segurança da informação, percebi algo curioso: ainda havia muita confusão sobre o que significa “zero trust”. Muitos pensam que é apenas mais um produto ou serviço, mas, na verdade, descobri que zero trust vai muito além disso. Não se trata de uma caixinha que compramos, instalamos e tudo melhora. É um princípio. Um jeito de pensar a segurança, baseado na ideia de que nenhum usuário, sistema ou dispositivo deve ser confiado automaticamente, esteja ele onde estiver.

Na minha experiência, a publicação especial 800-207 do NIST é a base confiável para estruturar qualquer projeto zero trust. Ela deixa claro: todas as solicitações de acesso devem ser continuamente verificadas de acordo com o contexto no exato momento da solicitação. “Confiamos em ninguém, verificamos tudo, sempre.”

Fundamentos da arquitetura zero trust

Gosto de destacar que zero trust começa como uma mudança de mentalidade. Pense em como, antes, as empresas criavam perímetros, muros digitais, confiando no que estava dentro e temendo só o que vinha de fora. Hoje, com serviços em nuvem, dispositivos pessoais e colaboradores remotos, não há mais fronteiras tão claras.

Ninguém está dentro, nem fora. Cada solicitação deve provar merecer o acesso.

O modelo zero trust reorganiza a segurança em torno de recursos individuais. Ou seja, antes de acessar qualquer aplicação, banco de dados ou serviço, o usuário ou dispositivo passa por um processo rigoroso de checagem, não importando de onde venha.

Componentes da arquitetura zero trust

Segundo o NIST 800-207, a arquitetura zero trust consiste em alguns elementos lógicos principais. O fluxo típico é este:

  • Um sujeito (usuário, dispositivo ou aplicativo) tenta acessar um recurso protegido (dados, sistema, serviço, etc.);
  • A solicitação passa por um conjunto de componentes chamado ponto de decisão de políticas;
  • Esse ponto avalia se o acesso será concedido, considerando regras e contextos dinâmicos;
  • Se aprovado, o acesso é permitido de forma pontual e monitorada.

No coração desse processo está o ponto de decisão de políticas, formado por dois blocos:

  • Motor de políticas: Decide se o acesso é liberado ou negado, analisando dados atuais e passados, contexto do usuário e status do recurso;
  • Ponto de enforcement de políticas: Implementa a decisão, permitindo ou bloqueando o acesso na prática.

Fluxo de acesso zero trust do usuário ao recurso O interessante aqui, e eu vi isso no dia a dia, é que o motor de políticas usa dados internos e externos para calcular decisões de acesso baseadas em contexto atual: identidade do usuário, localização, segurança do dispositivo, comportamento recente e até mesmo alertas de ameaças em tempo real.

Tokens de acesso e sua validade dinâmica

Outro ponto que sempre destaco para quem está começando: os tokens de autenticação são válidos apenas durante aquela sessão específica. Eles podem ser revogados a qualquer momento, segundo novas informações ou ajustes na política. Isso impede que um acesso concedido permaneça aberto se o contexto mudar.

Zero trust nunca para de rever se cada acesso ainda faz sentido.

Já presenciei casos em que a postura de risco de um dispositivo mudava no meio de uma sessão. O ponto de decisão comunicava imediatamente o ponto de enforcement, que cortava o acesso sem hesitação. É assim que o modelo se protege de movimentações laterais comuns em ataques avançados.

Os 7 princípios para implementar zero trust

Ao acompanhar a evolução do zero trust em empresas de diversos portes, ficou claro para mim que alguns princípios não podem ser ignorados. Estes sete, alinhados à publicação do NIST, ajudam qualquer organização a não perder o foco:

  1. Todas as fontes de dados e serviços são tratadas como recursos: Não importa se é uma base de dados interna ou uma planilha na nuvem. Todos devem ser protegidos e monitorados individualmente.
  2. Proteção das comunicações em qualquer localização: Nunca assuma que uma rede interna é segura. Cada conexão, mesmo que seja dentro da empresa, precisa de criptografia e autenticação.
  3. Acesso concedido sob medida: Cada acesso deve ser o mínimo possível para cumprir aquela função. Esqueça permissões amplas e generalistas.
  4. Políticas dinâmicas baseadas no contexto: Avalie o contexto de cada solicitação, localização, tipo de dispositivo, horários, padrões de comportamento, para decidir ou não liberar o acesso.
  5. Autenticação e autorização reforçadas: Não basta autenticar só no início. Verificações devem ocorrer de tempos em tempos ao longo da sessão, especialmente se o risco mudar.
  6. Integridade e segurança dos ativos monitoradas: Dispositivos e sistemas precisam ser constantemente verificados para garantir que estão saudáveis e livres de comprometimentos.
  7. Registro e avaliação contínua da infraestrutura: Logs detalhados, revisões frequentes, e ajustes nas políticas devem ser rotina. O ambiente se transforma ao longo do tempo, e a proteção também precisa evoluir.

Em projetos práticos, noto que o maior desafio está justamente no equilíbrio entre as políticas dinâmicas e a usabilidade. Afinal, ninguém quer sistemas engessados, mas também não aceitamos brechas.

Como funciona a interação entre decisão e enforcement?

Talvez a parte técnica mais interessante seja a relação constante entre o motor de políticas e o ponto de enforcement. Não existe distância ou atraso: as decisões do motor precisam ser aplicadas em tempo real, e qualquer mudança de risco obriga um ajuste rápido, interrompendo o acesso se necessário.

Processo de decisão e enforcement em zero trust Já observei ambientes onde a troca de informações entre esses pontos era tão refinada que, ao detectar um comportamento suspeito, o sistema bloqueava aquele acesso instantaneamente, evitando danos maiores. Esse alinhamento entre decisão e execução é o que torna o zero trust realmente eficaz e dinâmico.

Abordagens para implementação de zero trust

Acredito que não há apenas um caminho. Algumas empresas começam pelo controle de identidade e acesso, outras priorizam segmentação de redes ou proteção de endpoints. Tudo depende do cenário, das ameaças mais prováveis e do ambiente tecnológico existente.

Qualquer abordagem bem-sucedida, no entanto, precisa considerar os impactos sobre a infraestrutura, processos e experiência dos usuários. Em outras palavras, não adianta aplicar zero trust só no papel ou restringir tanto que ninguém consegue trabalhar. O equilíbrio é conquistado com planejamento, definindo prioridades e medindo ajustes constantemente.

Tenho visto uma busca crescente por conteúdos sobre segurança da informação, governança e proteção de dados, como você pode perceber acompanhando temas de cibersegurança, segurança da informação, gestão de riscos, proteção de dados e infraestrutura. Todos esses temas caminham lado a lado com um projeto de zero trust consistente.

Conclusão

Em resumo, vejo a arquitetura zero trust não como uma rotina engessada, mas como um processo de adaptação constante. Exige reavaliações frequentes, políticas inteligentes e integração fina entre decisão e execução. Cada ambiente vai dar um primeiro passo diferente, mas os sete princípios são um ponto de partida seguro. O que realmente muda é o olhar: nada nem ninguém é confiável por padrão. A confiança deve ser sempre conquistada, sessão a sessão, acesso a acesso.

Em breve, pretendo detalhar as diferenças técnicas entre as abordagens mais comuns de zero trust e como isso afeta as tecnologias escolhidas por cada empresa.

Perguntas frequentes sobre zero trust

O que é arquitetura zero trust?

A arquitetura zero trust é uma abordagem de segurança que parte do princípio de que nenhum usuário, dispositivo ou sistema deve ser automaticamente confiado, mesmo dentro da rede corporativa. Em vez de confiar em perímetros, cada acesso deve ser constantemente verificado, com políticas dinâmicas que consideram contexto, identidade e integridade do dispositivo.

Como implementar zero trust na empresa?

Na minha experiência, a implementação começa pelo entendimento dos recursos mais críticos e mapeamento das interações. Recomendo criar políticas de acesso segmentadas, adotar autenticação forte, monitoramento contínuo e escolher tecnologias que permitam decisões dinâmicas. É um processo gradual, nunca um projeto de um dia para o outro.

Quais os benefícios do zero trust?

Já observei que a principal vantagem é reduzir drasticamente o risco de invasões laterais e vazamentos. Empresas ganham mais controle, rastreabilidade e agilidade para responder mudanças de contexto, já que o modelo obriga reavaliações constantes de acesso.

Zero trust é seguro para pequenas empresas?

Sim, pequenas empresas podem se beneficiar bastante do zero trust, pois ele enrijece a segurança independentemente do tamanho do ambiente e ajuda a proteger dados sensíveis de ameaças cada vez mais frequentes. A adoção pode ser feita por etapas, começando por recursos mais sensíveis.

Quanto custa adotar zero trust?

O custo pode variar muito, já que depende da maturidade atual da empresa, infraestrutura, processos e ferramentas já existentes. Há formas de começar com baixo investimento, focando em controles de acesso e autenticação, e depois expandir gradualmente conforme a necessidade e os riscos identificados.

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Ricardo Suguita

SOBRE O AUTOR

Ricardo Suguita

Ricardo Suguita é especialista em Cibersegurança, com foco em soluções de proteção digital para empresas e instituições. Apaixonado por segurança da informação, dedica-se a compartilhar conhecimento e orientar clientes na escolha das melhores ferramentas, especialmente da Fortinet. Ricardo acredita que a prevenção a ataques virtuais e a proteção de dados transformam ambientes tecnológicos em espaços mais seguros, confiáveis e inovadores para todos os envolvidos.

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